terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O futuro também lembra!


Estou lendo, escrevendo e vivenciando absurdamente a memória, teorizando sobre esta como uma prática vista nos âmbitos psicológico, antropológico, sociológico e filosófico. A sociedade e o mundo diante dos meus olhos estão sendo percebidos e problematizados a partir dos pressupostos epistemológicos que me identifico e me influenciam na busca em saber como se faz uma cidade, como se inventa uma cidade e como isso se dá através das reminiscências.

[Veja como as frases escritas acima estão tão entranhadas dos vícios da linguagem científica, no uso de tantos adjetivos, verbos e advérbios engomados que pouco apareceram nas demais postagens deste blog, para me fazer entender.  Jeito chato de falar, né?! =/ Se você passou por esse primeiro parágrafo tenebroso, há de concordar que eu estou mais chata do que nunca!]

#PRECISO DE FÉRIAS, EU SEI!!!

Mas os estudos da memória me levaram a pensar sobre outras coisas reveladoras, como algumas conversas que tive com meu Pai. E é por isso que escrevo hoje!
O meu contato com idosos, desde a tenra infância, facilitou muito meus estudos... gosto de histórias a muito tempo, porque gosto de ouvir histórias a muito muito tempo. Sou das melhores ouvintes de histórias que conheço! E me dedicar a ouvir histórias talvez me leve um dia a ser uma boa contadora de histórias (meu sonho secreto!).
Para ouvir, tenho que me calar, ser toda ouvidos, observar, atentar e distinguir, até nos silêncios, o que está sendo dito. Isso é um pouco agoniante e angustiante para uma criatura curiosa da minha qualidade... quero sempre saber mais, saber dos detalhes, das minúcias (sou doida pelas miudezas das histórias que me contam!!!), mas não ousaria interromper meus queridos e amados recordadores. Acabo deixando minhas dúvidas pra depois, registradas nas minhas notas, para serem saciadas em outro momento ou em outras fontes.
A ciência e o seu método se impõem até mesmo diante de mim, certas vezes.
Mas com o meu Pai, não! Ele é meu exemplo de tolerância e paciência, porque a ele, eu pergunto, pergunto e pergunto até abusar de perguntar. Ele tem paciência comigo e com minha insaciável curiosidade. Com ele, falo sobre o tempo dos avós, dos meus e dos dele, diariamente, sendo nossas conversas sobre passados e passantes, experientes e 'experiências', sobre jogos artimanhas e desperdícios sempre coloridas de ironia, sarcasmo e muito bom humor. Sim, o meu Pai é um grande recordador e contador de histórias...

Ele é minha fonte de vida e de pesquisa!!!

A memória invejável dele acalenta as inquietações e me instiga em ir um pouco além ao investigar mais informações e mais vestígios desse passado recente que tanto me encanta.
Outro dia, fiquei encabulada diante dele quando, comentando sobre os 50 anos de Caiçara, ele me perguntou [ser questionada por que tanto sabe perturba a gente!] como e porque todas aquelas emancipações dos anos 1950 e 1960 foram realizadas. Eu engoli a surpresa que tive ao ser questionada e me esforcei para atender aquela indagação.  
Mas isso não vem ao caso. Pouco importa aqui a resposta que dei a ele, pois o que me abalou naquele momento, e ainda o faz agora que me valho das minhas lembranças para escrever sobre isso (eu não disse que vivencio a memória; olhaê!), foi ver aquele que me responde a tudo que esquadrinho, confiar em mim ao ponto de quer ouvir de mim uma história. Afinal, só meus aluninhos e pares se interessam pelas minhas histórias...
Em poucos momentos de minha vida fiquei tão grata por ter argumentos, por ter me metido com a historiografia, com a docência, com os estudos da memória, com a história do Rio Grande do Norte, como no instante em que aquele homem que tanto tem a falar pediu pra me ouvir um pouco. Ele nem sabe, mas fez tudo, até a falta de férias, valer a pena!!!

*Perdoem tantos adjetivos. Eles transpiram emoção, e por isso mesmo eles estão aí. Este post, na verdade, é uma declaração de amor. =)

Um comentário:

  1. Ocorreu uma troca de experiências, cada um apresentando a sua visão sobre o tema, entre um honrado cidadão que vive intensamente a história de seu município (talvez isso ajude a explicar a boa memória) tendo sido, inclusive, um membro do Poder Legislativo com uma jovem dedicada, inteligente e competente professora e pesquisadora dessa fantástica, interessantíssima e importantíssima ciência que é a História.

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