Sofro de excesso de sinceridade durante as madrugadas.
Não chego a ser daquelas chatas que não para de falar sobre
um assunto qualquer, que abre o coração, que chora nos bate-papos da vida ou
nas mesas de bares de cada dia. Não é para tanto! Só não me pergunte nada. Não
queira saber de mim uma explicação sobre qualquer coisa, pois nessa hora meu
mal será o modo como ei de me expor e eventualmente revelar a confusa e, em
certa medida, controversa lógica que guia meus passos.
Posso, inclusive, deixar à mostra as opiniões que a empáfia
da sociedade me amordaça e a boa educação que a menina criada por ‘Mainha’ na
pequenina cidade interiorana tem que lidar constantemente. O hábito de pensar
por si, de ter opinião própria e, ainda mais, dizer aquilo que pensa é uma atitude
repreensível em dadas épocas, sabiam?!
Uma noite de insônia, portanto, poderia destruir alguns
tênues laços de amizade, se todo o cuidado não for tomado, visto que pra aguentar
minhas excessivas verdades um amigo ou amilga precisaria já está calejado e ter
adquirido os anticorpos para tanto. [Exagerando ou não. Estou escrevendo de
madrugada!] Eu preciso mencionar que, sem conseguir explicar bem o porquê,
adquiri uma mal-fadada fama de que eu teria um comportamento rude ou seria
brava e temperamental quando estou assim demasiadamente franca, o que não se
justifica. São as madrugadas!
Aliás, aqueles que leem o que vez por outra escrevo neste
espaço já deve ter notado que eu seria o que se chamaria de ‘pessoa legal’,
pelo menos na maior parte do tempo, que até transitaria despercebida pelas ruas,
desde que em silêncio, se for tarde da noite, como acontece àqueles bichanos
pardos nas noites enluaradas. Cuido em tentar me calar, vez por outra dormir,
para evitar esses momentos e resguardar as conversas importantes ou sobre
assuntos polêmicos para outra hora e ‘evitar a fadiga’ enquanto o sono não vem.
Eis uma estratégia de sobrevivência de um ser humano que
aprendeu como a sinceridade é capaz de complicar o papo. O melhor que posso fazer
para não perder o meu e nem o tempo do colega é esperar, caladinha, o amanhecer.
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