Em meio a fantasias e aventuras seguem os loucos pelo passado... Os sonhadores e os caminhantes que cruzam os tempos a procura de razões e revoluções são, pois, bisbilhoteiros e audaciosos cavaleiros a trilhar e a inventar histórias.
Imaginação, ilusão, criatividade... Além da epistemologia e dos fundamentos teórico-metodológicos, os historiadores são criaturas que olham o mundo com o coração ao se aventurar ou simplesmente mergulhar no fluxo das narrativas históricas.
Dom Quixote, talvez para além de Cervantes, é como l’historien, o ser que problematiza, que faz questionar, que vê diferente e que, de sua perspectiva inusitada, traceja desígnios contingentes.
Uma criança descobrindo o mundo! Os monstros que precisam ser destruídos (dessacralizados)... A busca por um ausente que se faz presente quando nos dedicamos a discutir sobre ele...
É o universo quixotesco que quero ter para o resto da minha vida, quando eu entrar nos empoeirados arquivos, nos sites de todas as nacionalidades, vendo acervos de objetos e imagens, refletindo sobre práticas, ou quando eu estiver com ‘meus aluninhos’ (que saudades dos meus aluninhos!!!).
Os historiadores matam dragões por dia sem que a suas conquistas tenham visibilidade fora das cercas das universidades, mas ainda assim são perdidamente apaixonados por essa abstrata e curiosa ciência das temporalidades e espacialidades.
Otários que transpõem seu viço diante de livros e questionamentos sobre o impensado, ou repensando velhos questionamentos. O que é certo é certo!!!
“Seria infligir à humanidade uma estranha mutilação recusar-lhe o direito de buscar, fora de qualquer preocupação de bem-estar, o apaziguamento de suas fomes intelectuais. À história, mesmo que fosse eternamente indiferente ao homo faber ou politicus, bastaria ser reconhecida como necessária ao pleno desabrochar do homo sapiens” (Marc Bloch).
Quando eu crescer eu quero ser uma historiadora, uma como Quixote... “por amor às causa perdidas”, mesmo que me chamem de otária (de novo!). =)
Muito prazer, meu nome é otário!
Vindo de outros tempos, mas sempre no horário.
Peixe fora d'água, borboletas no aquário.
Muito prazer, meu nome é otário,
Na ponta dos cascos e fora do páreo
Puro sangue, puxando carroça.
Um prazer cada vez mais raro
Aerodinâmica num tanque de guerra,
Vaidades que a terra um dia há de comer.
"Ás" de Espadas fora do baralho,
Grandes negócios, pequeno empresário...
Muito prazer, me chamam de otário!
Por amor às causas perdidas.
Tudo bem, até pode ser...
Que os dragões sejam moinhos de vento.
Tudo bem, seja o que for...
Seja por amor às causas perdidas!
Por amor às causas perdidas!!!
(Música linda: Dom Quixote, composta por Humberto Gessinger e Paulo Galvão)
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